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Mostrando postagens de junho, 2017

Joga as casas pra lá, joga as casas pra cá, faz caringundum

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N o último dia 06 de Agosto de 2015 comemorou-se os 105 anos de nascimento do poeta compositor Adoniran Barbosa. No Districto de Vallinhos nasceu João Rubinatto, filho de imigrantes que deixaram a Itália no final do século XIX em busca de trabalho e felicidade. O Brasil foi destino para milhares de homens, mulheres e crianças. Apesar do trabalho nas lavouras de café a vida foi difícil para essa brava gente. Grupos familiares se deslocavam saindo de áreas rurais e buscando melhores condições em regiões urbanas. João Rubinatto e sua família foram se deslocando de cidade em cidade até chegarem a capital paulista.  Adoniran Barbosa O compositor e sambista Adoniram Barbosa nasceu da poesia cotidiana que a cidade de São Paulo produzia com a sua rápida industrialização e transformação urbana. Essas mudanças atraíram para essa cidade uma massa de trabalhadores oriundos de várias regiões brasileiras. O olhar atento de Adoniram traduziu em delicadas linhas, sambas que nos mostravam a cid

Reinvenção

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A vida só é possível reinventada. Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas… Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo… — mais nada. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço… Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva. Só — na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. ____Cecília Meireles Imagem:  Uma menina descansa em uma pilha de flores descartadas de um mercado, um dia após as celebrações de Diwali em Mumbai, na Índia, em 31 de outubro de 2016. -  Shailesh Andrade/Reuters

Os meninos

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(Fonte: facebook.com/osgemeos)

Raciocínio barato

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O debate entre os professores foi interrompido pela campainha. Um momento de pausa para esticarem as pernas e darem um descanso nos pensamentos. Seguiram pelo longo corredor que separava o auditório da área de descanso. Acomodaram-se nas duras cadeiras daquele ambiente e entre um café e umas bolachas outras conversas nasciam. Um pequeno grupo de mestres continuavam elaborando outras ideias para o debate pausado, e uma colega nova, recém contratada pela Secretaria d a Educação, ouvia atentamente. Na primeira oportunidade a professora entrou na conversa e disse que sobre aquela questão tinha algo importante para falar. O grupo silenciou e se pôs a ouvi-la. Disse que na sua graduação aprendeu que toda palavra terminada em "ismo" é doença. Homossexualismo, capitalismo, consumismo, socialismo, comunismo, catolicismo... Alguns professores buscavam nos seus pares a cumplicidade no olhar. E após a fala da professora um instante de silêncio reinou naquele ambiente. Mesm

Pauta reivindicatória do formigueiro

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O chorinho do Zimba anunciando sua caminhada matinal me desperta. Ele todo pimpão, eu todo embaçado e perdido entre um pé do chinelo e a porta do banheiro. Retorno. Ração, água e um agrado para selar a nossa relação de companheirismo. Lavo uma e outra louça amanhecida de um jantar rápido na noite anterior. Fogo ligado, água no canecão, pó de café no coador, sol entrando pelo vitrô da cozinha... aguardo a mistura. Domingo manso que se inicia. Sobre a mesa uma xícara, dessas grandes, e uma caprichada colher de açúcar. O beijo tem que ser doce, baby. Ali num canto da mesa, coberto por um guardanapo, pedaços de pão doce. Assim vou deixando o bucho e as bichas mais satisfeitos. Mastigo lentamente, e na mesma proporção dessa macia mistura os açúcares vão juntando-se e dando outros significados nos meus sentidos. A mansidão matinal é vigiada pelo olhar atento do Zimba. Meu olhar que ainda desperta, flagra uma procissão de miúdas formiguinhas em passeata. Reivindicam micros n

A rua que não foi

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C ampinas amanhecia absorvida por densa névoa naquelas manhãs de outono. A noite cuidava e recolocava corpos descansados para outro dia de labuta nos cafezais. A escravidão e a monarquia caiam no papel, apesar das suas amarras serem sentidas vez por outra nas diárias relações republicanas.  A locomotiva cuspia fumaça, silvos longos avisavam moradores da sua vinda com seus vagões recheados de riqueza material e um imaginário de modernidade, vivido pouco mais de um século antes em algumas nações da Europa, com as revoluções Francesa e Industrial, “exalando seus ventos para o mundo”. A luz do sol revelava um infinito mar verde na retina daqueles sujeitos, braços para o café, portadores de outra memória e tendo a nova paisagem para ser compreendida e dominada.  Na primeira década do século 20, terras cansadas foram fracionadas em pequenos sítios no Distrito de Valinhos, e compradas por imigrantes. No dia 06 de Março de 1914, o “Jornal Español” , destacava que a pomicultura por aqu

“Pirãozinho & Mocotó”

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  O homem ziguezagueava pelas ruas do bairro. Estufava o peito e com sua voz rouca e inconfundível soltava a todos os pulmões seu cântico de anunciação: “é a cortina, cortina, cortineiro... é a cortina, cortina, cortineiro...”. No seu ombro direito um feixe de cortinas, varões de madeira com dezenas de longos fios de plástico coloridos amarrados numa trama que dava gosto de ver. Equilibrava a sua carga diária com o auxílio da sua mão direita. Dizia que suas cortinas “eram excelentes na porta da cozinha”, evitando que as moscas mais insistentes pudessem entrar naqueles ambientes assépticos do preparo e da comilança.  E lá vinha o sorveteiro com sua caixa de isopor presa por uma fita pendurada no seu ombro transpassando pelo peito, a sonora emitida com sua gaita era a senha para pegarmos dois ou três tostões e comprarmos pequenas barras de gelo com sabor. Nossos olhos brilhavam na eminência de nos refrescar a sombra de uma mangueira naquelas tardes empoeiradas de verão.  Dos

Primeiras lições econômicas

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A fábrica era perto da minha casa, ali no bairro do Serrote. Meu pai, naquele tempo, todo dia vinha almoçar em casa. Uma época que não existiam refeitórios nas empresas. Os operários ou levavam marmitas ou davam uma pernada até suas casas para almoçarem. Porém, a maioria levava pão com algum tipo de recheio e uma garrafinha de café e lá pelas 9h da manhã dava uma parada para uma boquinha. Aquela manhã foi de pagamento e de posse do seu salário, meu pai chegou para o almoço e colocou o dinheiro na mão da minha mãe. Era ela que organizava a casa e também administrava os investimentos do mês. Depois que almoçamos meu pai ainda teve tempo para me explicar o difícil problema de matemática que empacava a minha tarefa escolar. Nossa então era isso? Perguntei para os meus botões. Tarefa finalizada e uma tarde para assistir a desenhos e folhear a revista Recreio. Minha mãe limpou a cozinha, tomou banho, vestiu sua roupa de missa, pegou a sombrinha e estava pronta para ir até a cid

Daquilo que fomos feitos

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U lisses foi uma dessas crianças de infância saborosa. A rua da sua casa foi o lugar (in) comum das coisas e dividia-se entre brincadeiras das meninas, dos meninos ou coletivas. Os dias tinham dois instantes especiais: manhãs sonolentas os compromissavam com a escola, e as tardes de largo sorriso lhes ofereciam o tempo da liberdade, espaço da diversão e das descobertas. Teve um tempo que a rua fora pública e todos sabiam disso.  Quando completou 13 anos, perdeu o pai, Telêmaco, homem de coração generoso e consciente do mundo que vivia. Foi operário durante anos na Fábrica de Chapéus Orion e também um atuante sindicalista. Morreu dias depois do último dia do mês de Março do ano de 1964. Informações desconexas apontavam para uma tocaia, armada por alguns sujeitos estranhos ao sindicato. A morte daquele homem benevolente virou insignificante notinha de rodapé no jornal da cidade. Porém, sua prática e queda tornaram-se ingredientes desse enorme coletivo de memórias individuais, amalg

Os três filtros de Sócrates... verdade, bondade e utilidade

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Eu vou para onde o sol continua brilhando

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A ssistir a um filme, apreciar uma pintura, caminhar por uma rua, sentar num banco de uma praça e descansar os olhos, observar o caminhar despreocupado de uma pessoa qualquer, receber um elogio ou uma crítica, observar um gesto, ouvir uma música. Essas situações cotidianas e tantas outras são quase que invisíveis, de tão corriqueiras que elas parecem ser e nem sempre as percebemos como ingredientes indispensáveis na construção de nós mesmos. Mas são momentos encantadores e que ficam para sempre. Assistia aos telejornais da noite, daqueles que mastigam os fatos do dia e cospem nos pratos sobre as mesas postas para o jantar da classe trabalhadora. O cardápio de sempre, salada policialesca de entrada e o prato principal coercitivo. Fico entediado e com náuseas ao me deparar com a mesma gororoba. Saio sem mexer na comida e busco um local mais agradável pra depositar o cadáver que carrego nos meus ombros. Encontro um oco no tronco de uma velha árvore e ali deposito o incomodo. Aliviado

Incondicional

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N ossos olhares se cruzaram pela primeira vez numa noite do feriado de 1o. Maio de 1992, após uma agenda como candidato a vereador. Comigo estava o nosso candidato a prefeito, juntos, erámos guiados pelas estrelas. As noites sempre foram as nossas anfitriãs para longas conversas acerca da poética que a cidade valinhense ainda dispunha. Os nossos sonhos eram retirados da poesia cotidiana, matéria-prima fundamental na composição do nosso extenso e ainda inacabado plano de governo.  Aquela noite fria distanciava um considerável número de clientes daquela pizzaria que um dia existiu ali próxima ao Alves Aranha. O aroma das massas e seus recheios misturavam-se ao odor dos sabonetes exalados por uma ou outra chaminé da Gessy. Daquela mesa que estávamos ouvíamos um ruído contínuo vindo da Rigesa e conseguíamos avistar as longínquas e poucas luzes noturnas que circundavam a cidade. Nelas residia um dos nossos desconfortos ao nos depararmos com uma proposta vinda de outro candidato a prefe

o professor...

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“Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?” A insustentável leveza do ser  - Milan Kundera
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"...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis (...)" Machado de Assis

Rabo de foguete

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Amanhece o primeiro domingo do novo ano. O sol, mansamente vai entrando por uma fresta da janela lateral do quarto. Do quintal chegam os primeiros ruídos, prenúncio da vida, galos, galinhas, patos e a algazarra organizada pelos marrecos. No topo de um frondoso jambeiro, que sombreia a casa, maritacas e saguis dividem a fartura dos frutos. Caxinguelês retomam seu trabalho na busca do sustento da prole. A luta pela sobrevivência não para.  A festa ainda continua nessa manhã. Vizinhos entorpecidos festejam com o costumeiro modão e o ar da cidade valinhense exala um odor, mistura de esperança e enxofre. Numa caminhada pelo quintal, encontro passarinhos caídos dos ninhos e sem vida.  Ao chegarmos próximos do ano que sucede o qual estamos acreditamos que tudo aquilo que estiver antes, não mais interferirá em nossas vidas. Tocam buzinas, sinos, tambores e os odiosos estampidos ecoam pelos céus do país. Valinhos entra no clima dessa guerra inglória com rojões e morteiros. O historiado

Troféu abacaxi

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A manhece o domingo num distante dezembro na década de 60. Olhando aquela manhã, encontro minha ansiedade na tão esperada festa de natal dos trabalhadores da indústria de embalagens, onde meu pai trabalhava. Da minha casa até o clube onde seria realizado o evento era um pulinho. E lá fui eu, papai, mamãe e minha irmã para aquela manhã ensolarada e repleta de novidades. Espetinhos de carne, guaraná caçulinha, sorvetes, algodão doce, pipoca, barracas de diversão e o tão esperado presente de natal do Papai Noel. Naquele ano ganhei uma bola de plástico que após o primeiro chute recebido, no jardim da minha casa, acertou na trave de uma roseira. Um largo corte na superfície daquela bola colocou fim naquele natal e ainda hoje consigo sentir a decepção daquela tragédia, um encanto em mil pedaços.  No centro do campo de futebol um palco fora montado e por aquele tablado desfilaram várias atrações musicais, apresentadas pelo ator da TV Tupi, Walter Stuart. O público acomodava-se nas arquib

Qualquer semelhança é mera coincidência

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F acundo Arão fez Direito nas Arcadas, mas a boemia o consumiu mais que os códigos. Após três anos voltou para cidade de Tabijara sem diploma, mas advogando interesses na região. Na matriz acontecia a festa dos sinos doados pelo benemérito Naná Velasco. Ali, Dr. Facundo, flagrou o assessor público Bento Vaz, encher os bolsos com quitutes, o que fez nascer, entre eles, forte amizade de interesses. A Banda tocava, casais rodopiavam. Teve lugar o leilão beneficente de laticínios, generosidade de Naná, o maior produtor de leite da região graças à velhacaria da adição de água do Rio Lambari. Moradores contavam que Naná chegou por ali tomando posse de terras. Trabalho, fé e bala de carabina possibilitaram mais aquisições. No desjejum, Facundo cuidadosamente lê o jornal “O Imparcial”. A manhã é adoçada pela notícia da verba do governo central para obras de saneamento e ampliação do Hospital. À noite, Bento Vaz faz faustosa ceia com o doutor. Entre lascas de bacalhau e vinho, planeja

Pátria desalmada, Brasil

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Fazia a varrição da calçada logo cedo. Um menino, vizinho dali, descia a rua com a costumeira sonolência humana. - Bom dia. - Dia... Ô tio, esse lacinho no seu dedo é para lembrar o que? - Ah, para eu colocar luvas no próximo trabalho. - Hum... Balança a mochila com os ombros, limpa um ou outro remelo dos olhos e o menino aperta o passo. Aqueles 2 ou 3 minutos de prosa atrasou sua chegada a escola. Essa quinta-feira é dia de fila indiana, espaço de um braço, retirada do boné e mão sobre o lado esquerdo do peito para a cantoria do Hino Nacional, sob o olhar vigilante dos capitães do mato pedagógicos. - Melhor não atrasar, tio. - Corre não moleque. Um dia ainda nos educaremos!

Para elas

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F oi paixão imediata. E bem diferente das daquelas ex-alunas que choravam pelo Justin. Quando descobri a poetagem do Belchior num dia em 1976, vi luz no fim daquele longínquo túnel que atravessávamos. Quanto sonhar com aquelas meninas, cabelo ao vento, gente jovem reunida. Ah esse tango argentino... Só quem viveu aquelas tardes de sábado sabe quantos sonhos projetamos para o futuro. Apesar da nossa pobre poesia valinhense, sabia que um novo sempre vê, e Campinas, aqui a o nosso lado nos oferecia essa efervescência. Noites a fio circulei o setor nessa busca e ali me eduquei. Livros, teatros, exposições, rodas de conversas, artistas de diferentes matizes. Como fã incondicional do Belchior, comprei, talvez, o melhor lugar do teatro Centro de Convivência e lá fui eu. Um banquinho, voz, violão e uma luz que me fazia viajar. O poeta estava ali. Fixou seu olhar num ponto da plateia, que lotava de esperança aquela noite, e dedilhou seu violão... "e quanto mais eu multiplico, dim

Cidade invisível

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T omava um café quase que semanalmente numa cafeteria que um dia fez ponto na Rua 13 de Maio, aqui em Valinhos. Sobre a xícara quente, meu olhar investigava uma foto que decorava aquele ambiente, tradução silenciosa daquela pequena fração do espaço em outros tempos. Para outras ruas ali próximas da 13 de Maio, era possível encontrar outras fotos, outros ângulos, outros recortes. Como num jogo de quebra-cabeça, reconstruir a cidade. Para cada café saboreado, olhar e descobrir a cada semana outra leitura de nós mesmos. A foto no Café, tirada da marquise da Matriz de São Sebastião, mostra um recorte da cidade. Olhava as fotos, pensava a cidade. No passado retratado havia vida, cinema, praça, festas, gente, trem, havia desejos e sonhos; essa cidade era outra. Meus olhos procuram ainda hoje, insistentemente, fotos que olharam outros lugares da cidade: a sua periferia que já brotava naqueles anos próximos e posteriores a nossa emancipação.  Mas não as encontro decorando as paredes da ci

Cacos de memória

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A minha infância foi uma longa caminhada. Na década de 60, um grupo de crianças saídas do bairro Serrote percorriam a empoeirada Av. 11 de Agosto, sob a vigilância da nossa vizinha, Deolinda Somera. Amigos arrojados equilibravam-se nos canos da adutora, enquanto outros, atravessavam o riacho da Av. dos Esportes pisando sobre as pedras. Mais um trecho pelo brejo e escalávamos uma trilha desenhada no íngreme barranco e chegávamos à escola do pré-primário, que existia na Rua Itália.  Andando fomos às praças, cinemas, circos, casa dos amigos e parentes. Encanamento da Adutora de Rocinha, passando pela Av. 11 de Agosto, Valinhos/SP Acervo Haroldo Pazinatto Os ônibus começaram a circular no final da década de 70, quando se iniciou o processo de expansão das franjas urbanas do município com novos loteamentos, confinando a classe trabalhadora valinhense longe dos seus locais de produção.              Para longas distâncias tínhamos os trens, que nas ensolaradas manhãs de sába

Splash

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T io Mauro Dia desses flagrei meu pensamento numa distante noite da década de 60 acompanhado dos meus pais e avós paternos. Partimos da casa 55 lá na Rua São Carlos, bairro Serrote, viramos à esquerda e caminhamos pela pouca iluminada Avenida 11 de Agosto. Ali na esquina, entre os bares do Negrello e do Geraldão, dobramos a direita e descemos a interminável Rua do Clube da Rigesa e no final dela entramos à esquerda, chegando ao Valinhos Clube. Uma noite para sempre, saboreada pela doce lembrança de um guaraná caçulinha, comprado pelo meu pai no bar do clube. Vestia minha melhor roupa, todo pimpão, fui assistir a apresentação do tio Mauro, tocador de guitarra no conjunto “Os Mug’s”.   O feitiço Naquela noite, o menino que agora me visita, ficou com os olhos enfeitiçados naquele instrumento que dava o caminho para os outros músicos seguirem suas estradas, a bateria. Na manhã seguinte fui até o fundo do quintal da minha casa, puxei um dos cavaletes usados pelo meu pai na cons

Lindamente linda

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F iquei ali prostrado. Olhando para a tela em branco do Word enquanto caçava uma ideia pra colocar no “papel”. Elas teimavam fugir e esconder-se nos labirintos dos meus pensamentos. Tenho produzido longas conversas e análises mentais sobre variados temas, arquivo-as nas gavetas da memória. Por vezes, uma ou outra coisa é “debatida” num final de tarde, durante um cafezinho. Mas de modo geral acabam sendo essas “teses” a respeito do vazio existencial, sendo nadificadas . Na manhã seguinte, a consulta. Inicio minha peregrinação em busca da cura, o novo médico que procuro foi indicação de um antigo conhecido, hipocondríaco de primeira grandeza, que já sofrera da mesma moléstia que me castiga. Chego 15 minutos mais cedo e passo pela burocracia dos consultórios. Assino papéis e sou encaminhado para uma sala de espera, e enquanto aguardo ser anunciado investigo o lugar. Observo inúmeros diplomas emoldurados que decoram uma das paredes do lugar. Levanto e faço uma rápida leitura dos tan