Os invisíveis
A rua sempre foi pública. Talvez, no passado, ela tenha sido até mais pública que nos dias de hoje. E por aquelas vias circularam dezenas de diferentes sujeitos. Pedintes, vendedores ambulantes, artistas de circo anunciando estreia, homens vendendo a salvação. Um desses “comerciantes da salvação” era de um grupo de moços, vestidos com seus terninhos, todos com o cabelo raspado e pedia para entrar nas nossas casas, benzendo-as com a imagem de uma das Nossas Senhoras. Além da imagem que carregavam, os acompanhavam umas bandeirolas vermelhas bordadas com a figura de um leão. E bem ao gosto medieval. Garantia-se assim, que a pátria brasileira não seria importunada pelo comunismo. Outros tipos perambulavam e batiam palmas de casa em casa, anunciando suas presenças. Um deles eram mulheres com crianças no colo, apresentando-se maltrapilhas, quase todas com uma ferida exposta numa das suas pernas e esmolando uma “ajudinha pelo amor de Deus”. De todos que circularam por aquela p