Quedou-se inerte
Em Junho de 1935, num recém-inaugurado loteamento em Campinas, aconteceu uma prova automobilística que ficou conhecida como a “Volta do Chapadão”, vencida pelo jovem e promissor piloto Francisco Landi, que recebeu 10 contos de réis e um terreno naquele loteamento. Entusiasmado com o sucesso dessa prova, José Sampaio Freire organizou uma nova corrida automobilística para o mês de Outubro daquele ano, batizada “Circuito Vallinhos-Campinas”.
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A imprensa paulista e carioca repercutiam esse evento que impulsionaria o automobilismo como esporte. Alguns azes do volante, segundo noticiavam, estavam inscritos com suas velozes máquinas: Alfredo Cuccilo (Ford V-8), Antônio Sorrentino (Alfa-Romeu), Adolfo Martelli (Bugatti), Del Nero (Crysler), João Barbosa (Ford V-8), Mario Carotta (Ford V-8), Tavares de Moraes (DeSoto), Vicente Hugo (Crysler). Comentava-se também das prováveis participações de Manoel Teffé, Marques Porto, Chico Landi, além do piloto polonês Carlos Zatuszeck, vencedor das 500 milhas de Rafaela, na Argentina, naquele ano de 1935.
O percurso dessa prova estipulava que os pilotos partiriam de Campinas seguindo até Valinhos pela Estrada Estadual. Entrariam na Travessa Independência até chegarem à Rua 13 de Maio e seguiriam em direção a Rua Campos Salles. Depois rumariam até Campinas pela Estrada Municipal, seguindo até o ponto inicial da prova, retornando novamente até Valinhos. Esse trajeto seria repetido por dez vezes, completando o percurso estimado de 200 quilômetros, o maior da América do Sul, segundo seus organizadores. Entre rampas e longas retas, os carros atingiriam a incrível velocidade de 150 km/h.
Percurso do “Circuito Vallinhos-Campinas” |
O Hotel Termas Fonte Sonia, que naquela época já adotava uma ousada estratégia de marketing, patrocinaria o evento oferecendo 32 contos de réis em prêmios aos cinco primeiros colocados, sendo que o vencedor levaria a polpuda quantia de 20 contos de réis.
Um evento desse porte exigia uma série de adequações legais que garantissem os interesses dos corredores e o da responsabilidade dos organizadores com as despesas. O Automóvel Club do Brasil determinou que a fiscalização ficasse com o recém-criado Automóvel Club do Estado de São Paulo. Vários ofícios enviados à empresa patrocinadora do certame e seus organizadores ficaram todos sem respostas, propiciando o cancelamento do evento.
O “Diário Carioca” comentou que a decisão fora acertada e “condenavam as corridas automobilísticas que visavam mais a valorização de terrenos ou propriedades particulares do que o progresso do automobilismo nacional”.
Por essa falta de transparência esportiva o Distrito de Vallinhos acabou ficando a pé nessa história, que se repetiria outras vezes!
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Gérsio Pelegatti é professor da História não aposentada
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